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A Fruta mais Ácida

Lugar onde se vende toda, ou quase toda, a fruta com que a sociedade nos premeia. A fruta doce e a ácida estarão expostas à mistura com algum mel.

A Fruta mais Ácida

Lugar onde se vende toda, ou quase toda, a fruta com que a sociedade nos premeia. A fruta doce e a ácida estarão expostas à mistura com algum mel.

25
Set21

Influenciadores ou a arte de aliciar estúpidos

Manuel_AR

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Pode também ler este "post" em A Fruta mais Ácida.

A campanha para as eleições autárquicas terminou, hoje é dia de reflexão. Foi uma campanha sem interesse, muitas das vezes sem nexo e não dirigida ao interesse dos cidadãos em relação ao poder local. Partidos e os seus candidatos aprontaram estratégias para propagandas diversas para captar potenciais eleitores. Influenciar o povo para votar é o principal objetivo de cada um dos partidos. São estratégias de marketing. Vender o seu programa (qual programa?) prendeu-se com a capacidade, ou incapacidade, que cada um teve para conseguir influenciar o público. São os empreendedores da política que utilizam técnicas idênticas aos influencers que medram pelas redes sociais e pelos blogues fazendo da estupidez dos outros o seu modo de vida. Sobre estupidez já escrevi aqui.

A captação de votos através da influência aos potencias eleitores determinou o remoque para, mais uma vez, escrever sobre essa gente a que chamam influencers.

No meu blogue A Fruta mais Ácida tenho dedicado mais espaço sobretudo aos influencers que propagandeiam ideias para quem queira comprar. Há também as aberrações de alguns que se julgam engraçadinhos por fazerem stand up contando umas piadas rascas em canais televisivos e em teatros esgotados por desejosos de piadas de mau gosto ou sem piada. Quando há um que ri logo outros o acompanham opara não destoarem. Um canal de televisão privado resolveu promover um desses a residente no programa das tardes de domingo e, ainda, transformá-lo em ator de uma telenovela enquanto muitos atores conceituados se encontram há muito em dificuldades por falta de trabalho.

Influencers, influenciadores em bom português, é um nome vago para indivíduos que vivem de canais digitais colocando em plataformas conteúdos muitas vezes patrocinados. A cada mensagem e em cada selfie supostamente sincera colocam as suas vidas em exibição. Eles são estrelas da internet e precisam de protagonismo para ganhar a vida com a vida vazia e a pobreza de espírito de outros.

Podemos então definir influencer como alguém que tem a habilidade de influenciar um determinado grupo de pessoas mostrando o seu estilo de vida, opiniões e hábitos muitas(os) e delas(es) baseiando-se para tal na riqueza expondo-se através de imagens das suas casas, das compras que fazem, dos meios que frequentam e no estatuto social. Utilizam as redes digitais ditas sociais e o Youtube, neste caso chamam-se pomposamente youtubers, como meios para alcançarem o seu alvo e têm efeito em muitas centenas e até milhares de seguidores.

Os influencers das redes socias são os propagandistas do século XXI, uma casta originada pelas redes que atrai incautos para gastar o seu dinheiro em compras, por vezes desnecessárias, para se identificarem com o seu influenciador. É um novo estatuto ser seguidor de pessoas que não conhecemos de lado nenhum, mas de quem gostam de ver na TV.  Os influencers são sujeitas e sujeitos, (coloquei as sujeitas em primeiro lugar para não me acusarem de ser machista, ou, caso contrário, de demasiado feminista), que olham para o mercado e percebem que podem criar riqueza a explorar o défice cognitivo dos influenciados.

O influencer mobiliza indivíduas(os) apelando para emoções e paixões mostrando um certo intimismo ensombrando as capacidades cognitivas da potencial “vítima”, para a atrair para a aquisição de objetos materiais e para serem seus seguidores. As suas receitas mágicas e as suas opiniões pessoais ao estilo do “eu já vi e aconselho porque comprei e tenho na minha casa”, são a suas armas preferidas. Ou ainda: “eu já comprei esta roupa que fica lindamente com a minha maquiagem da marca “X””. Muitos aproveitaram a covid-19 para fazer negócio colocaram fotos usando máscaras e usaram a hashtag do coronavírus durante o surto. É um oportunismo e uma jogada descarada.

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Os visuais tornaram-se uma fórmula para copiar, o tom muitas vezes irritante, cheio de banalidades e trivialidades, como aconteceu com uma tal pipoca, influencer digital que tem um blogue e que foi chamada para comentar numa coisa a que chamaram gala os acontecimentos do programa rasca conhecido pelo nome de Big Brother e até teve direito a vestido de gala.

Se a vida é complicada para o mundo em geral, imagine-se o que é, por exemplo, para uma mulher que ainda não chegou aos trinta e já tem de lidar diariamente com problemas tão profundos como saber que sapatos calçar. Sapatos, romance e outras teorias de vida.

Estes influenciadores(as) colocam títulos aliciadores enganando deliberadamente a audiência porque sabem que é necessário atraí-lo independentemente da qualidade do artigo que aconselham. Eles não vendem, aconselham, sugerem seja lifestyle e moda, beleza, coleção de joias juntamente com uma marca, viagens milionárias, ou o quer que seja, e, muito importante, acompanhadas(os) pelos seus maridinhos ou esposas – os divórcios deles e sobretudo delas também são muito chamativos – mais os seus filhotes para que o impacto seja maior, para tal basta colocar os vídeos e imagens para aliciar o pagode que seguir o seu Instagram o outra qualquer rede social. E lá caem mais uns “likes” e uns euros na bolsa pagos pela propaganda aconselhada.

Não posso esquecer os comentadores de influencers que os publicitam descrevendo o quanto são interessantes colocando frases como:

“A ou (o) X apresenta no Instagram os seus outfits, (maneira muito chique de dizer roupa), dos programas televisivos, o seu dia a dia e ainda as suas sugestões para looks mais arrojados. Apesar de ter bastante experiência como blogger moda e instagramer, o seu estilo e forma de apresentar roupas e acessórios nos seus posts continua a fazer com que os seus seguidores se apaixonem como no primeiro dia! Se quiser comprar a roupa da blogger, poderá fazê-lo na marca Z. Tem peças giríssimas com descontos imperdíveis! “Como podem ver são coisas estúpidas e tolas, mas inteligentes, para atrair tolos. Utilizo aqui palavras em inglês para dar a ideia de também estou in!

Se eu, sujeito influencer, no meu blog dou visibilidade à minha vida privada de forma ficcionada dizendo às pessoas como sou feliz com o meu consorte, falo dos meus filhos lindíssimos, na minha casa para a qual comprei um móvel giríssimo, e para mim um perfume, um detergente que “eu uso cá em casa”, ou uma roupa, ou uma viagem incrível que fiz ao “país paraíso” onde me diverti imenso com a minha família, etc., etc., as pessoas vão a correr consumir seja o que for que coloquei no meu blog, ou anunciei na rádio, ou na televisão. Mas, atenção, a culpa não é minha, é das pessoas que acreditaram nas soluções incríveis que lhes propagandeei e que eram boas para a minha casa, para mim e para a minha família e quiseram viver as mesmas experiências do que eu.

Os influencers prestam um serviço inestimável à sociedade e o Estado não pode impedir estes empreendedores que fazem pela vidinha e que encontram maneiras de obter vantagens financeiras e rentabilizar a estupidez alheia.

Poderão pensar que sou contra a iniciativa privada e o empreendedorismo. Nada disso. Pelo contrário. Estou é em desacordo com o simulacro de empreendedorismo que se aproveita da estupidez alheia. Se, por um lado, a indústria dos media é extremamente regulada, por outro, há uma indústria informal que tem cada vez mais influência, mas que não tem qualquer tipo de regulação.

Não podemos subestimar o papel dos otários que contribuem para o bolso dos influencers. Há negócios que dependem dos otários. Se não os houvesse quem lhes colocaria os “likes” nos “posts” e quem iria a correr a comprar online ou nas lojas os artigos que os influencers anunciam como os mais incríveis da moda e que iria contribuir para entrar os dinheirinhos nos seus bolsos. Ser influencer é um sonho de qualquer um, porque não tem que investir em stocks, nem em salários dos seus colaboradores, nem em nada, a não ser no tempo que está agarrado a colocar as novidades e a mostrar que está in para o que basta encontrar estúpidos que os sigam. Quanto mais seguidores e “likes” mais probabilidades há de captar anúncios para o site.

Parece-me que algumas pessoas endoideceram ou, então, estão debaixo de um stress agudo. Não me refiro apenas a gente do povo porque neste incluo também médicos, juízes negacionistas que se opões às medidas sanitárias e fazem acusações infundadas. Esta gente são um caso de estudo de doenças mentais. Não são opiniões, nem me venham com as tretas de serem contra o pensamento único, ao negarem que em Portugal as mortes por covid-19 foram manipuladas como explicam o que acontece ao nível planetário.  Isto é simplesmente demência.

Muito se grita por liberdade, especialmente a seita dos negacionistas, estão de facto a tornarem-se numa seita durante a epidemia da covid-19. Ser influenciado por influencers, desculpem-me a redundância linguística, é, em muitos casos, termos a liberdade de sermos estúpidos o que merece proteção porque não temos escolhas próprias e precisamos de catar locais onde eles se hospedam virtualmente.

No meu entender qualquer influencer tem a arte de “domar” estúpidos, isto é, exercer domínio sobre os impulsos ou instintos de outro(s) e, para isso, temos de ter todos algo de estúpido. Há quem tenha milhões de seguidores nas redes sociais. Poderá perguntar-se: será que milhões serão todos estúpidos? À resposta a esta pergunta eu respondo que sim comparando com muitos mais milhões que não são seguidores de nenhum influencer. Eu não me incluo nestes, mas no dos estúpidos, porque sigo alguns. Há, contudo, uma diferença, esses(as) que sigo não me influenciam com as suas tretas.  

14
Out19

Mais uma vez os influenciadores

Manuel_AR

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Depois de uns dias em Londres, felizmente por pouco não apanhámos o solavanco das manifestações que poderia azedar ainda mais a nossa fruta. E foi com uma dose de inveja que dos que ainda por lá ficaram que tivemos de regressar.

A inveja é tramada! Eu acho que tenho inveja das figuras públicas e dos(as) chamados influencers digitais, esta mania portuguesa de ir buscar palavras de fora! Compreende-se, é para se estar in. Invejo-os porque acho que se orientam e ganham fama, proveito e preparam a sua carreira à minha, nossa custa. Claro que cada um tem o direito de preparar a sua carreira profissional e deve fazê-lo, mas não à minha ou à custa de qualquer outro(a).  Há quem vá a correr a colocar “gostos” e seguir como cachorros os seus falsos ídolos. Falsos ídolos fabricados para nos fazerem crer que são os maiores.

Mas, meus amigos e amigas, isto agora é mais sofisticado porque também já temos estudos para conhecer a imagem que os portugueses têm das figuras públicas nacionais bem como a opinião sobre as suas principais características e informações sobre a sua presença digital com base numa recolha realizada por uma empresa de consultadoria nas várias redes sociais e blogs. Nada mais nada menos 57 figuras públicas e 37 digital influencers foram analisadas em 2019.

Veja-se quanto totós e otários não somos. Somos como cãezinhos que seguem farejando aquelas figurinhas e depois ficamos extasiados com o que dizem, fazem, sugerem e fotografam e vamos segui-los quais caninos dóceis e fiéis.

Vivemos num país livre em que cada um pode matar-se, ou não, como muito bem entender, seja com testosterona ou qualquer outra coisa para que outros cultivem a sua a imagem na Internet e nas redes sociais e possam vir a ser também influenciadores(as). Tem dezenas de milhar de visualizações e depois lá vem a televisão promover a sua imagem, mesmo que o publicado no Youtube seja uma falência total. Não se avalia a qualidade, mas sim o número de visualizações e de “gostos”. Há-os de todos e para todos os gostos, moda, maquiagem, cabelos, perfumes, sorrisos, sapatos, artistas, modelos, saúde, eu sei lá.

E a parafernália de bloguistas que são pipocas, frutas, loucas, da mãe, dos filhos, e muitos outros.

Porque afinal é de influenciar audiências que trata o negócio. Para tal é necessária alguma expertise, sobretudo skills digitais.

Cometa-se às vezes até em programas televisivos. «Ah! Que bonita que ela está naquela foto do Instagram não achas?»  «Se acho! Mas para além disso gosto muito dela, dá uns conselhos super espetaculares. E aquele do ginásio? Que barra! Sabes, sou seu(sua) seguidor(a). Põe lá coisas tão giras!»

Há já um índice empatia/identificação com figuras públicas e de digital influencers baseados nos otários seguidores que somos nós. Nós não! Vocês, porque eu não caio nessas armadilhas de os ajudar a pagar ou complementar o salário com os meus clicks na publicidade encaixados nos seus sites. Uma coisa é gostar de ler o que escrevem, outra é cada um servir de promotor de figuras que nem sabem quem nós somos, mesmo que lá conste o nosso ícone fotográfico e o nome ou o “nickname”. O que lhes interessa é apenas a replicação da imagem e da “graça” da sua pessoa, a deles(as) claro.  

Através das redes sociais cada um pode ser conhecido e, quanto mais aberrante ou extravagante tanto melhor mais saída tem.

Qualquer pateta que apareça num qualquer canal de televisão logo há uma corrida às redes sociais para se manifestarem.

Antigamente qualquer bom artista em início de carreira tinha de ter um agente muito bom para que se tornasse mais ou menos conhecido, agora não é preciso, basta dizer umas larachas e colocar umas fotografias atrevidas para ter uma caterva de fãs logo seguida e milhares de “gostos”.

Mas as(os), especialmente as, blogueres influenciadoras são também captadoras. Funcionam como teias que prendem os insetos que lá caiem. Normalmente dão conselhos sobre qualquer coisa e falam de si, da sua pessoa, da sua casa, do seu companheiro(a) sobre o que sabem que elas(es) andam à procura. Pode ser qualquer coisa. Perder peso, tirar manchas da pele, maquiagem, tirar rugas ofertas de aniversário para a querida(o), decoração de casa, eu sei lá, um manancial de tretas que as(os) influencers colocam nos seus blogs e respondem a perguntas colocadas na área de comentários e, logo ali ao lado, as sugestões a propósito. E, lá vou eu, e… Click.

Muita delas escrevem tratados sobre os seus filhinhos, o que fazem, o que fizeram, o que deixaram de fazer, que são sempre os máximos em tudo, até nas reproduções de dinossauros que têm em casa e em que são autênticos peritos. Aproveitam então para falar de brinquedos que poderão ser ótimas opções para compras de natal, claro, porque convém, para puxar a tal oportuna publicidadezinha.  E lá está, a encomenda online encomenda poderá ser feita através do site X. Quanta inveja não suscitarão às outras mãezinhas que, por falta de posses, não podem ter em casa a coleção daqueles ditos bichos há muito extintos.

 A seguir lá vêm as roupinhas e os sapatinhos da moda que também podem comprar. É tudo publicidade disfarçada no meio de textos pretensiosamente sérios com uma narrativa popularucha e familiar.

São os(as) oportunistics, já agora aproveito também a boleia do inglês. É assim, a vida dos(a) influencers! Viver à custa dos influenciados.

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