Isto de estar confinado é secante para os que estavam habituados a andar daqui para ali sem eira nem beira e sem “shots”, sem bares e discotecas, sem concertos, sem cerveja e até sem dinheiro. Há quem, para passar o tempo, passe por blogs e redes sociais e que por impreparação e sem a consciência de que podem cair na ratoeira para gastar os últimos tostões que restam do corte da mesada ou do parco salário que lhe reduziram, esteja a virar-se para os sites dos(as) influencers.
Tenho horror aos denominados(as) influencers que corroem a paciência de muitos como eu com a sua prosa intimista que não é mais do que marketing mascarado. Outros(as) daqueles(as), quais narcisos(as) a contemplarem-se nas águas mostram a sua imagem e silhueta com fatiotas que compraram aqui e ali e ao mesmo tempo promovem a sua imagem para invejas dos crédulos(as) que gostariam de ser como eles(as), identificando-se com estes(as) espécimes de ídolos de trazer por casa. Até mesmo algumas figuras da televisão, de telenovelas e artistas vários utilizam para a sua promoção pessoal.
Os(as) influencers falam do que compraram ou tencionam comprar para as suas casas, as remodelações, os móveis os atoalhados, os cremes, as loções, as últimas modas e até produtos para a higiene íntima a que algumas chamam pipi para ser mais giro e chique, e escrevem sobre qualquer coisa para “lavar o nosso rico pipi” - nosso é como quem diz, o delas. Utilizam um estilo intimista e falam de amigas com quem já discutiram e sobre o que elas acham sobre o tema. Encontram sempre alguma que lhes diz com toda a naturalidade do mundo que usa sempre o gel de banho ou sabonete tradicional para lavar aquela zona, a do pipi. E, claro, trazem à baila as suas vivências que pode ter muito impacto na influência a exercer e salientam já ter falado várias vezes dos cuidados que têm com a higiene íntima e de como usam sempre um gel de limpeza específico, e, para mais credibilidade acrescentam que o que sabem foi-lhes passado pela mãe dela(s) e segue-se o nome da marca e respetiva publicidade à mistura com o texto com a necessária fotografia e até a dela com o frasquinho na mão. Isto num site muito frequentado e com muitos likes.
Acham que estou a inventar? Não, não, estou!
Tenho horror a influencers.
Isto é apenas um dos exemplos porque há muitos desde as roupinhas até ais detergentes e artigos para crianças, sem esquecerem os bébés.
Muitos(as) destes(as) já utilizam o covid-19 para os seus objetivos descaradamente publicitários. Não existe limite quando o assunto é conseguir alguma fama e muitos likes.
O coronavírus já matou muitas centenas de pessoas e não existe no mundo, neste momento, assunto mais urgente. Entretanto os influencers acharam que seria uma boa altura para promover uma onda baseada na epidemia e lançaram modas baseadas no coronavírus.
As redes tornaram-se promotoras de celebridade de ocasião e, através delas, os(as) influencers, resolveram condicionar gostos e comportamentos. Em busca de likes e de afagos no ego, causam repulsa ao mostrar profundo descompasso com a realidade de medo e recessão causada pelo coronavírus enquanto o país luta com uma incerteza pandémica e económica.
Tenho horror a influencers.
Muitos ficam lá por casa, não apenas por causa da epidemia covid-19 que os obriga a confinarem-se à residência, mas por que já antes ficavam por lá a aliciar e a atrair para as armadilhas publicitárias as potenciais e incautas clientelas através de blogs e redes sociais.
Com a tendência de mudanças fundamentais nos hábitos de consumo seria bom que os profissionais de marketing a repensassem estratégias e orçamentos existentes que têm destinado alocados aos ditos(as) influencers. Atualmente os influenciadores estão tão onipresentes que correm o risco de ficar sem sentido pela vulgaridade e pela saturação. E ainda bem!
Depois de uns dias em Londres, felizmente por pouco não apanhámos o solavanco das manifestações que poderia azedar ainda mais a nossa fruta. E foi com uma dose de inveja que dos que ainda por lá ficaram que tivemos de regressar.
A inveja é tramada! Eu acho que tenho inveja das figuras públicas e dos(as) chamados influencers digitais, esta mania portuguesa de ir buscar palavras de fora! Compreende-se, é para se estar in. Invejo-os porque acho que se orientam e ganham fama, proveito e preparam a sua carreira à minha, nossa custa. Claro que cada um tem o direito de preparar a sua carreira profissional e deve fazê-lo, mas não à minha ou à custa de qualquer outro(a). Há quem vá a correr a colocar “gostos” e seguir como cachorros os seus falsos ídolos. Falsos ídolos fabricados para nos fazerem crer que são os maiores.
Mas, meus amigos e amigas, isto agora é mais sofisticado porque também já temos estudos para conhecer a imagem que os portugueses têm das figuras públicas nacionais bem como a opinião sobre as suas principais características e informações sobre a sua presença digital com base numa recolha realizada por uma empresa de consultadoria nas várias redes sociais e blogs. Nada mais nada menos 57 figuras públicas e 37 digital influencers foram analisadas em 2019.
Veja-se quanto totós e otários não somos. Somos como cãezinhos que seguem farejando aquelas figurinhas e depois ficamos extasiados com o que dizem, fazem, sugerem e fotografam e vamos segui-los quais caninos dóceis e fiéis.
Vivemos num país livre em que cada um pode matar-se, ou não, como muito bem entender, seja com testosterona ou qualquer outra coisa para que outros cultivem a sua a imagem na Internet e nas redes sociais e possam vir a ser também influenciadores(as). Tem dezenas de milhar de visualizações e depois lá vem a televisão promover a sua imagem, mesmo que o publicado no Youtube seja uma falência total. Não se avalia a qualidade, mas sim o número de visualizações e de “gostos”. Há-os de todos e para todos os gostos, moda, maquiagem, cabelos, perfumes, sorrisos, sapatos, artistas, modelos, saúde, eu sei lá.
E a parafernália de bloguistas que são pipocas, frutas, loucas, da mãe, dos filhos, e muitos outros.
Porque afinal é de influenciar audiências que trata o negócio. Para tal é necessária alguma expertise, sobretudo skills digitais.
Cometa-se às vezes até em programas televisivos. «Ah! Que bonita que ela está naquela foto do Instagram não achas?» «Se acho! Mas para além disso gosto muito dela, dá uns conselhos super espetaculares. E aquele do ginásio? Que barra! Sabes, sou seu(sua) seguidor(a). Põe lá coisas tão giras!»
Há já um índice empatia/identificação com figuras públicas e de digital influencers baseados nos otários seguidores que somos nós. Nós não! Vocês, porque eu não caio nessas armadilhas de os ajudar a pagar ou complementar o salário com os meus clicks na publicidade encaixados nos seus sites. Uma coisa é gostar de ler o que escrevem, outra é cada um servir de promotor de figuras que nem sabem quem nós somos, mesmo que lá conste o nosso ícone fotográfico e o nome ou o “nickname”. O que lhes interessa é apenas a replicação da imagem e da “graça” da sua pessoa, a deles(as) claro.
Através das redes sociais cada um pode ser conhecido e, quanto mais aberrante ou extravagante tanto melhor mais saída tem.
Qualquer pateta que apareça num qualquer canal de televisão logo há uma corrida às redes sociais para se manifestarem.
Antigamente qualquer bom artista em início de carreira tinha de ter um agente muito bom para que se tornasse mais ou menos conhecido, agora não é preciso, basta dizer umas larachas e colocar umas fotografias atrevidas para ter uma caterva de fãs logo seguida e milhares de “gostos”.
Mas as(os), especialmente as, blogueres influenciadoras são também captadoras. Funcionam como teias que prendem os insetos que lá caiem. Normalmente dão conselhos sobre qualquer coisa e falam de si, da sua pessoa, da sua casa, do seu companheiro(a) sobre o que sabem que elas(es) andam à procura. Pode ser qualquer coisa. Perder peso, tirar manchas da pele, maquiagem, tirar rugas ofertas de aniversário para a querida(o), decoração de casa, eu sei lá, um manancial de tretas que as(os) influencers colocam nos seus blogs e respondem a perguntas colocadas na área de comentários e, logo ali ao lado, as sugestões a propósito. E, lá vou eu, e… Click.
Muita delas escrevem tratados sobre os seus filhinhos, o que fazem, o que fizeram, o que deixaram de fazer, que são sempre os máximos em tudo, até nas reproduções de dinossauros que têm em casa e em que são autênticos peritos. Aproveitam então para falar de brinquedos que poderão ser ótimas opções para compras de natal, claro, porque convém, para puxar a tal oportuna publicidadezinha. E lá está, a encomenda online encomenda poderá ser feita através do site X. Quanta inveja não suscitarão às outras mãezinhas que, por falta de posses, não podem ter em casa a coleção daqueles ditos bichos há muito extintos.
A seguir lá vêm as roupinhas e os sapatinhos da moda que também podem comprar. É tudo publicidade disfarçada no meio de textos pretensiosamente sérios com uma narrativa popularucha e familiar.
São os(as) oportunistics, já agora aproveito também a boleia do inglês. É assim, a vida dos(a) influencers! Viver à custa dos influenciados.
Aqui estou eu novamente com os meus ácidos bem amargos e aproveito para relatar as minhas preocupações sobre modas e modinhas que vão surgindo dos vários altares onde se pratica a liturgia das ditas. Mas perguntam vocês: a que propósito? A propósito de ver o que se passa à minha volta para depois lhes contar. Então, ontem, na minha habitual volta diária sem destino pela cidade de Lisboa, mas desta vez com algum, aproveitei para ir tratar de um assunto lá par os lados do El Corte Inglês. Não sei porquê deu-me para começar a observar as calças de gangas que eles e elas traziam a vestidas. Nãããõooo, não se trata de qualquer perversão ou taradice sexual é que comecei a reparar que as calças de ganga que traziam vestidas estavam na sua maior rasgadas, rotas, esgaçadas, com rasgões múltiplo, umas vezes nos joelhos, outras nas coxas, outras ainda na perna, abaixo do joelho e, em alguns, não poucos, caos em todas as partes das calças numas espécie de retalho. Só não reparei se traziam rasgões nos traseiros para não ficar com um torcicolo torcicolo e não me chamarem nomes menos próprios ao meu porte altivo (auto sarcasmo).
Dirão vocês, que estão sempre no bem-vestir: «Meu caro, é a moda!». Devo ser demasiando antiquado porque quem andava assim vestido eram os que não tinha posses para comprar roupa e andavam esfarrapados. É estranho, já que nos bairros mais pobres de Lisboa, também é assim que andam vestidos, portanto estão na moda. Pois é, deve ter sido onde os magos da moda se devem ter inspirado.
Ia eu nestas minhas observações quando me veio há memória há algum tempo atrás, (tempo à frente não pode ser porque não tenho o dom da visão do futuro, coisa que os e as da adivinhação e dos concelhos do horóscopos têm), de ter entrado, por curiosidade, numa loja que vendia gangas de uma determinada marca bem conhecida e ter perguntado à menina, por sinal muito simpática e atenciosa que delicadamente me perguntou se precisava de ajuda. Esta coisa de entrar numa loja com expositores por todo o lado que me possibilitam a escolha virem-me perguntar se preciso de ajuda é uma coisa que me faz saltar a tampa, tanto que, por vezes, rápida e contrariamente à minha simpatia metamorfoseio-me num terrível antipático. Desta vez lá me contive e, com um sorriso, perguntei apontando para umas gangas expostas, qual era o preço. «160 euros, e estão em promoção!». «Mas…», não me deixou retorquir, «Olhe que são gangas verdadeiras da marca!». «Obrigado». Saí porta fora a pensar para os meus botões, lá verdadeiras são, mas como todas as outras de não marca, são de sarja. Sarja, para quem eventualmente não saiba, é um tecido resistente de algodão ou outra fibra cujos fios são entrecruzados a fim de se obter as linhas diagonais características. Observem e vejam lá se não é! Sobre estas coisas da moda podem ver aqui um artigo que escrevi em 2012. Ena pá! Já lá vai tanto tempo!?
O que é mudou nestes sete anos para além da p. da idade a mais? Muita coisa mudou no Mundo, mas isso ao nível da política não quero para aqui chamar. Quanto às redes sociais que já existiam naquela altura é como tudo, servem para o bem, e para tudo o resto, e quem não quer ser lobo não lhe vista a pele, mantenha-se com a de cordeirinho(a).
Leio coisas contra e a favor das redes sociais e alguns(umas). Há sítios que não são docinhos nem onde se vive no mundo onde tudo é cor de rosa e com muitas coisas doces que também os há, mas as realidades das redes socias são por vezes bem amargas.
O que preocupa muito boa gente que por aí escreve e tem blogs “altamente” é que haja pessoas que se lamentam de ter poucos likes e fraca interação. Esses(as) que criticam ou comentam estes pontos de vista são os mesmos(as) que eu gostaria de “ouvir” se não tivessem no seu próprio blog as “audiências”, os “likes” e os comentários muito queques e elogiosos do que escrevem. Ah, dizem alguns e algumas bloggers que têm milhares de acessos nas suas audiências que é por gosto, nada disto é para cair publicidade, nem por causa dos Clickbaits, é tudo porque gosto muito de escrever. Então, não é? Acho que são tudo tretas para lagriminha fácil porque nos referidos blogs a publicidade a marcas e outras coisas mais lá estão a cair e não é à borla… Por isso a crítica às redes sociais tem de ser feita em outro lugar de meditação com menos doçuras à mistura…
E se eu gritasse daqui: LARGUEM O ÉCRÃ NÃO LIGUEM A NADA DISTO PIREM-SE E APANHEM SOL QUANDO ELE APARECE, e hoje por acaso até não está mau, podiam-me perguntar, ENTÃO O QUE ESTÁS AINDA TU AQUI A FAZER?
Bem, por hoje já libertei a minha acidez e aqui vou eu…
publicado às 19:31
Mais para ler
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.