Lá para os meus lados
Como já lhes tinha dito resolvi passar uns dias aqui para os lados de Viseu na Beira Alta para aproveitar estes ótimos dias de sol previstos, também para o Dia dos Namorados(as). Não vão acreditar, mas acabei por passar a noite e a madrugada desse dia no quentinho da cama porque era mesmo o que apetecia. Não, não foi nada disso que estão a pensar, a razão principal foi que o frio era tanto que nem apetecia sair. Portanto, sobre este dia, estamos conversados.
Aqui por estes lados adoro almoçar fora em restaurantes onde a comida seja bem portuguesa e esteja longe de ficarmos a olhar para a dose muito bem apresentadinha no “dish” dos restaurantes chiquérrimos descritos em alguns blogs do mais doce que há por aqui. Lá porque os alvos e enormes pratos são decorados com uns pinguitos de molho colorido em cujo centro se apresenta um pedacito de peixe ou carne braseado, (grelhado é coisa possidónia), e sejam circundados por uma cenoura baby e umas tiras de pepino torneadas dizem logo que é excecional e logo vai tudo na onda a marcar mesa. Em vez de comi dizem provei ou degustei, verbos muito mais elegante, e que estão na moda! Acrescentam ainda que foi ótimo, que desfrutaram de uma delícia ao mesmo tempo que propagandeiam aos seus milhares de fãs a decoração da nova casa para onde foram morar que foi integralmente concebida pelo autor, normalmente autora, com peças avulso compradas aqui e dali. Que fique bem claro que nada tenho contra os autores(as) desses blogs, o que me espanta é a sua aceitação quase incondicional pelos(as) fãs do que dizem.
Voltando à boa comida portuguesa, resolvi então fazer-lhe justiça divulgando alguns locais onde o “chef” ou o amável empregado de mesa não nos vem chatear a perguntar se está tudo bem. Sim está tudo ótimo, dizemos mesmo que não esteja. Quando está tudo ou alguma coisa mal o melhor é reclamar logo.
Quando se vai almoçar ou a jantar fora, cá para estes lados, é comida verdadeira, elaborada por cozinheiros, que agora também têm o direito de serem chamados “chefs” e come-se bem e a sério, não à séria, como dizem para aí alguns e algumas nas televisões deturpando o sentido do léxico utilizado. Estão neste momento alguns(mas) a pensar, e bem, que quantidade não é qualidade. Pois não, o segredo está na seleção do restaurante. Aqui por estes lados existe o hábito, especialmente ao domingo, de almoçar ou jantar fora, mas é para isso mesmo, comer e não para provar umas coisitas que certos “chefs” e proprietários de restaurantes conseguiram fossem passados nas televisões e badalados nas imprensa de tempos livres e de gastronomia.
Restaurante Casablanca
A “Casablanca”, o “Viso”, o “Póvoa Dão”, a “Quinta da Magarenha”, estes dois últimos um pouco mais afastados do centro, mas que são dignos de uma visita, apresentam ementas extensas e qualidade nos pratos que dignos de fazer fazem inveja aos mais badalados restaurantes.
Restaurante do Póvoa Dão
Atualmente a vida de trabalho para ele e para ela são agrestes porque já não têm sequer tempo para cozinhar refugiam-se na comida takeway, nas pizas, nos hambúrgueres, nas massas, eu sei lá, tudo quanto seja rápido, já que temos que deitar cedo porque novo dia de trabalho se aproxima e o stress vai atacar de novo.
Quinta da Magarenha
De regresso a Lisboa, como habitualmente, passámos pela Nazaré onde almoçámos. Fartos de enfiar barretes nos restaurantes que proliferaram desde que em 2011 Garrett McNamara colocou a Nazaré em tudo o que era notícia resolvemos ir a um outro que já existe há muito tempo, talvez há 42 anos. Não nos arrependemos! No Maria do Mar não tem uma ementa extensa nem sofisticada, apesar de alguns pratos terem nomes muito sugestivos. Uma ementa como encontramos noutros lados, mas que difere pela qualidade e pela confeção é onde o atrativo e o fado como música de fundo. Passou a ser o meu restaurante preferido e fiquei “apaixonado” pela comida e pela proprietária cuja atenção pelo cliente é sincera e quanto baste. Restaurante familiar com receitas do tempo da avó das filhas que cozinham para nós os petiscos que se esperam após uma viagem.
Restaurante maria do Mar
Comer fora com frequência sai dispendioso, mas há uma coisa que lhes aconselho e que pode ajudar a aliviar o stress é, aos fins de semana, fazerem em casa umas refeições diferentes, com calma, e saborearmos o que nós próprios confecionámos. Melhorar e recriar ementas estimula a criatividade e nada melhor do que convidar amigos(as) para apreciarem o que nós próprios confecionámos. Quem não sabe cozinhar é boa altura para começar. Receitas não faltam por aí. Uma coisa lhes digo, é muito melhor e fica muito mais barato do que ir degustar um dos “dishes” elaborados num qualquer restaurante de um qualquer “chef” dum conhecido restaurante da alta com uma ementa muito gourmet onde é necessária reserva sem a qual somos quase “corridos” como indesejáveis. Isto é, temos quase de pedir por favor para enfiar no bucho uma refeição paga a preço do ouro. Sim, eu sei que em alguns destes também se come bem e com qualidade. Reparem que digo comer bem e com qualidade e não provar e apreciar a decoração do que nos colocam no prato, embora saiba que a vista também come.
E pronto, por aqui me fico, até à breve. Entretanto, vou chupar limão para ver se da próxima vez ofereço mais acidez.